Introdução
Já percebeu como uma frase bem escrita gruda na cabeça e vira ativo de marca? Pense em linhas curtas, sonoras e com benefício claro. É o que fez “Just Do It” (1988) virar mantra, “Think Different” (1997) reposicionar uma marca inteira e “I’m Lovin’ It” (2003) cantar no drive-thru. No Brasil, “Desce redondo” marcou uma década. O ponto em comum? Simplicidade, ritmo e uma promessa que conversa direto com o desejo do público. Vamos ao passo a passo para criar um slogan que cola — sem precisar de malabarismo semântico.
O que faz slogans memoráveis funcionarem
Slogan x tagline: qual a diferença?
Slogan é a frase de efeito que sustenta uma campanha ou momento estratégico da marca. Ele pode mudar conforme o objetivo (lançamento, reposicionamento, promoção). Tagline é a assinatura constante, aquela que vive no rodapé do logo e atravessa anos, consolidando o posicionamento. Exemplo genérico: uma fintech pode usar uma tagline fixa “Dinheiro simples.” e, para uma campanha de crédito estudantil, um slogan como “Estude hoje. Pague fácil.”. Um é guarda-chuva; o outro, a peça-chave da temporada.
Princípios de memorabilidade
- Concisão: mire em 3–6 palavras. Curto, direto e com punch.
- Ritmo e musicalidade: cadência que “canta” quando lida em voz alta.
- Aliteração e rima: repetição de sons ajuda a fixar (sem virar trava-língua).
- Benefício explícito: diga o ganho do consumidor, não só o atributo.
- Marca no slogan? Nem sempre citar o nome aumenta simpatia. Às vezes melhora a lembrança, mas pode soar autoelogio. Teste com o seu público.
Passo a passo: do insight ao slogan final
Defina promessa e público
Antes de escrever, mapeie a dor e o desejo. Que resultado a pessoa quer ver? Mais tempo, menos custo, menos fricção, mais status? Escreva a promessa em uma frase simples, tipo pitch de elevador: “Ajudamos autônomos a receberem em 1 dia, sem taxa escondida.” Essa é a sua bússola. O slogan será a versão lapidada, memorável e com ritmo dessa ideia.
Escreva, corte e leia em voz alta
Hora de volume: gere 30–50 opções sem censura. Varie estruturas (verbo no imperativo, frase nominal, pergunta retórica). Depois, tesoura na mão: elimine palavras vazias, jargões e repetições. Prefira verbos de ação e frases curtas. Leia em voz alta, teste a sonoridade no celular, no trânsito, no coffee break. Se tropeçar, corte mais. Se a frase não “cantar”, ajuste o ritmo.
Técnicas criativas que funcionam
Ritmo, rima e aliteração
A cadência faz diferença. Pausas naturais (2+2, 3+3) ajudam a memorização. Aliteração (“pronto para provar”), rima leve (“rápido e prático”) e paralelismo (“menos taxas, mais vendas”) dão fluidez. Evite trocadilhos difíceis: se a pessoa precisa pensar demais, você perdeu o ponto.
Benefício claro em linguagem simples
Foque no “para quê”. Em vez de “plataforma omnichannel escalável”, diga “Vende mais com menos cliques”. Troque funcionalidade por resultado: “Entrega hoje” é mais forte que “logística otimizada”. Palavras do dia a dia têm mais recall do que tecnicês.
Erros comuns (e como evitar cada um)
Ser genérico ou longo demais
“Qualidade que você confia” diz tudo e nada. Genérico não fixa. Mire em uma ideia central e 3–6 palavras: “Feito para durar”, “Entrega hoje, sem drama”, “Crédito rápido, sem letras miúdas”. Corte adjetivos sobrando e fuja de frases que parecem briefing, não slogan.
Jargões e promessas vazias
“Liderança em soluções integradas” soa distante. Troque por algo que a pessoa sinta no dia a dia: “Ativa em minutos”, “Preço que cabe agora”. E cuidado com superlativos (“o melhor”, “o mais”) sem prova. Se prometer demais, a expectativa vira inimiga da marca.
Como validar e medir o impacto
Teste de lembrança em 5 segundos
Mostre o slogan por 5 segundos, oculte e peça para a pessoa repetir a ideia com suas palavras. Anote: ela entendeu o benefício? Se trocou um termo por outro mais claro, talvez o seu slogan deva usar exatamente esse termo. Repita com 10–20 pessoas do público-alvo.
Indicadores simples de sucesso
- CTR: em mídia digital, compare variações A/B com o slogan no criativo.
- Tempo de exposição: em vídeo, observe retenção quando o slogan entra.
- Recall em enquetes: após a campanha, meça lembrança espontânea e assistida.
- Coerência de marca: use pesquisas rápidas para avaliar se o slogan “tem a cara” da marca e se reforça o posicionamento.
Conclusão
Slogan bom é copy que trabalha por você: curto, sonoro e centrado no benefício. Comece pela promessa, gere volume, edite sem pena e teste no mundo real. Quando a frase cabe na boca do público, ela vira cultura — e cultura vende.
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