Já percebeu como algumas marcas crescem “do nada”, quase como se o produto vendesse sozinho? Spoiler: não é sorte, é método. Growth hacking nasceu nas startups, justamente para escalar com pouco orçamento e muito teste. O termo foi cunhado em 2010 por Sean Ellis, e a lógica é simples: experimentar rápido, aprender com dados e dobrar a aposta no que funciona. O funil AARRR (popularizado por Dave McClure) virou o mapa de navegação. Se você trabalha com comunicação e marketing, isso é ouro: menos achismo, mais tração.
O que é growth hacking e por que importa
Growth hacking é a união de marketing, produto e dados com um objetivo claro: crescimento. Em vez de “campanha e tchau”, o jogo é rodar ciclos curtos de experimentos (A/B, mudanças de copy, melhorias de onboarding), medir e repetir. Foi assim que cases clássicos de indicação ganharam fôlego — pense no “PS: I Love You. Get your free email” do Hotmail e no bônus de espaço grátis do Dropbox. Crescimento incorporado no produto, não só na mídia.
Mentalidade de experimentação contínua
- Escreva hipóteses simples: “Se mudarmos o título da LP para X, a taxa de cadastro sobe em Y%”.
- Rode testes curtos: com começo e fim na semana. Sem medo de errar: erro rápido é aprendizado barato.
- Documente tudo: o que testou, resultado e decisão (matar, iterar ou escalar).
- Ritual > inspiração: reserve tempo fixo na agenda para idear, priorizar e analisar. Criatividade com roteiro.
Métricas que importam: North Star e AARRR
- North Star Metric (NSM): a métrica que melhor traduz o valor entregue ao usuário. Exemplos: “minutos assistidos” (streaming), “pedidos entregues” (delivery), “assinaturas ativas” (SaaS), “leads qualificados” (B2B).
- AARRR: aquisição, ativação, retenção, receita, indicação.
- Aquisição: como chegam (orgânico, social, ads).
- Ativação: primeiro “UAU” do usuário (cadastro concluído, primeiro pedido).
- Retenção: voltam e usam de novo?
- Receita: pagam, renovam, fazem upsell?
- Indicação: recomendam outras pessoas?
Como aplicar o AARRR no dia a dia
Mapeie a jornada nas cinco etapas e escolha 1–2 ações por etapa para testar por semana. Foco e consistência vencem.
Aquisição e ativação sem mistério
- Landing page clara: proposta de valor em 1 linha, título forte, CTA visível e benefícios em bullets.
- Oferta simples: teste “teste grátis”, “desconto no 1º pedido” ou “material exclusivo”.
- Prova social: depoimentos, logos de clientes, números reais (ex.: “+2.000 avaliações”).
- Onboarding direto: reduza formulários, teste login social e um tour de 30 segundos com microvitórias (concluir 1ª ação).
Retenção, receita e indicação
- Retenção: nutrição por e-mail/WhatsApp com dicas práticas, templates e conteúdo de uso. Notificações por evento (incompleto, carrinho, “faz 7 dias que você não usa”).
- Receita: upsell contextual (no momento do valor), bundles e upgrade em 1 clique. Transparência de preço sempre.
- Indicação: programa enxuto com benefício de mão dupla. Ex.: “Indique e ganhem X + Y”. Convite no pós-compra e dentro do produto com mensagem curta e link de compartilhamento fácil.
Ideias de growth hacking para começar hoje
Testes A/B que valem o esforço
- Trinca clássica:
- Título: promessa mais específica vs. mais aspiracional.
- CTA: verbo forte (“Começar agora”) vs. seguro (“Ver planos”).
- Prova social: depoimento curto com resultado vs. contador de usuários.
- Como rodar: uma mudança por vez; mantenha por ao menos um ciclo completo (7–14 dias) para cobrir variações de tráfego; busque um volume mínimo para ter sinal (heurística: 100 conversões por variação antes de decidir). Marque UTMs e acompanhe a taxa alvo (ex.: cadastros/visita).
Loops de indicação práticos
Passo a passo:
- Oferta simples e direta (crédito, bônus, espaço, cupom).
- Mensagem curta e pronta para copiar (“Eu uso X por Y. Toma meu link.”).
- Compartilhamento fácil: botão para WhatsApp, e-mail e redes, com link trackeado.
- Timing perfeito: após o “UAU” (primeiro pedido entregue, arquivo salvo, meta atingida).
- Página de status da indicação para reduzir dúvidas e suporte.
Priorize ideias com a matriz ICE
Pontue cada ideia de 1 a 10 em Impact (I), Confiança/Confidence (C) e Esforço/Effort (E). Multiplique (I x C x E) e ordene.
Como pontuar de forma justa
- Impacto: afeta a North Star e a etapa do funil com maior vazamento? Impacto alto = mexe em ativação/retensão ou melhora muito a conversão.
- Confiança: há dados, benchmarks ou testes anteriores que sustentam? Se é só feeling, pontue baixo.
- Esforço: horas e dependências. Se precisa de dev, jurídico e design, esforço alto; se é ajuste de copy, baixo.
- Antiviés: peça a outra pessoa para revisar sua nota; se você “ama” a ideia, reduza 1 ponto em Confiança.
Backlog e ritmo semanal de testes
- Pipeline: ideação (coletar), priorização (ICE), execução (configurar), leitura (analisar), decisão (matar/iterar/escalar).
- Cadência: segunda = planejar; terça a quinta = rodar; sexta = leitura e decisão; documente em uma planilha e atualize o score ICE conforme aprende.
Ferramentas acessíveis para medir e escalar
Dados sem dor de cabeça
- GA4 + Google Tag Manager para eventos por etapa do AARRR e NSM.
- Planilhas para backlog, ICE e relatórios semanais.
- Mapas de calor e gravações: Microsoft Clarity (gratuito) ou Hotjar (plano free) para ver onde as pessoas travam.
Automação e no-code para acelerar
- E-mail/CRM: Brevo (Sendinblue), MailerLite ou HubSpot Free para nutrição e segmentação básica.
- Formulários: Google Forms, Tally ou Typeform (free) integrados ao seu CRM.
- Integrações: Zapier/Make para colar tudo sem dev; n8n para quem curte open-source.
- Chat e suporte: Tawk.to ou Crisp para onboarding assistido.
- Páginas e testes simples: WordPress/Webflow; para A/B sem ferramenta, use duas URLs e divida tráfego via campanhas de mídia.
Para fechar: growth não é um golpe de sorte, é disciplina criativa. Quem testa semanalmente, cresce mensalmente. Que tal começar hoje?
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