Eles são diferentes e seu jeito de ser suscita diferentes impressões. Seu comportamento é firme e disciplinado e colocam a fé acima de todos os valores. Ao mesmo tempo, são expansivos, acolhedores e afetuosos. Serão homens e mulheres santos ou membros de uma seita que desafia os valores da Igreja?
Ouvir ou estar na presença de um Arauto do Evangelho desperta um sentimento de retidão, obediência à Lei e, ao mesmo tempo, entusiasmo e generosidade.
Mas, por que eles têm essa capacidade de mexer com as emoções das pessoas? Isso se deve a um modo verdadeiramente santo de viver, em contraste com o mundo atual, ou se trata de uma seita bem organizada com um verniz de religiosidade?
Primeiramente, o que é uma seita?
Bem, antes de continuarmos desenvolvendo este raciocínio, vamos fazer um “pit stop” para abastecer nosso conhecimento: o que é uma seita?
Originada do latim sectæ – caminho, a palavra seita, embora não tenha um sentido unívoco, costuma designar uma linha de conduta, princípios e opiniões ou escola filosófica seguida por um grupo de caráter fechado que se destaca de um corpo de doutrina principal.
Dentro de uma comunhão religiosa, se refere a um grupo cujos adeptos seguem certos ensinamentos ou práticas particulares, formando um ramo dissidente da Igreja estabelecida, em alguns casos, considerado herético.
A seita diz respeito também à teoria de um mestre seguida por muitos prosélitos.
Inicialmente, o termo significava apenas “divisão, secção”, e não tinha a feição que tem hoje. Porém, com o tempo, sobretudo no contexto religioso, adquiriu um caráter pejorativo, atrelado à ideia de comportamentos baseados no controle e na manipulação.
Com isso, acabou se tornando um conceito genérico usado para desacreditar grupos ou ideias diferentes, confundindo-os com uma igreja ou religião paralela à oficial.
Um fato curioso é que o próprio Cristianismo surgiu como uma dissidência da religião dominante, sendo considerado uma seita judaica, e assim permaneceu até expandir-se e se tornar a religião do Império Romano e a principal religião do mundo.
Vale lembrar que o Apóstolo Paulo foi considerado “líder da seita dos nazarenos” (seguidores de Jesus, oriundo de Nazaré). E, dentro dessa visão, o próprio Jesus Cristo foi visto como fundador de uma seita, um mestre cuja filosofia divergia e desafiava a religião dominante, o Judaísmo, com o qual muitos de seus seguidores romperam ao se tornarem cristãos.
Para simplificar, a verdade é que, sempre que alguém se refere a algum grupo como seita, o faz com caráter preconceituoso e com a clara intenção de diminuir, desonrar e desacreditar esse grupo.
Não estou dizendo que seitas não existem, mas pondo em xeque que os Arautos do Evangelho sejam uma seita.
Seitas não defendem a Igreja
Basta considerarmos o aspecto de que uma seita diverge da religião dominante para que esse argumento caia por terra, pois os Arautos são persistentes defensores da Igreja, seus dogmas e seu Magistério, sem desviar-se um milímetro da Doutrina Católica.
Em suas igrejas majestosas, em seus cânticos, em sua vivência, seus programas na internet, sua ação missionária o que eles mais fazem é levar adiante as verdades da Igreja Católica, esforçando-se em atrair para ela os filhos desgarrados e despertar novas conversões.
Faz parte do carisma dos Arautos levar as pessoas a amarem cada vez mais a Igreja, respeitando os seus valores e vivendo em conformidade com os seus ensinamentos, portanto, de sectário nada há nesse comportamento.
Se alguém é um católico titubeante, ou “não praticante”, como muitos católicos acomodados costumam se autodenominar, basta que se aproximem dos Arautos para terem reacendidas as chamas da fé e sentir o desejo de retomar a prática religiosa e os Sacramentos.
Como o Pe. Dartagnan Oliveira costuma dizer em seus sermões “católico não praticante é igual a rico sem dinheiro”, ou seja, um conceito incoerente.
Os Arautos do Evangelho procuram inflamar as pessoas com o seu entusiasmo a fim de que sejam católicas como manda o figurino, ou melhor, o Catecismo!
As seitas promovem o isolamento
No que se entende por seitas, nos tempos atuais, é muito comum que elas se caracterizem por um isolamento não só da Igreja, como do mundo exterior, alimentando ideias de superioridade, insubmissão e exclusividade no domínio da verdade.
Apesar de algumas de suas igrejas estarem localizadas em locais distantes e de difícil acesso, como já mencionamos em outro artigo (colocar link do artigo: Arautos do Evangelho: onde fica?), isso se deve mais a uma casualidade, ou “providência”, como preferem frisar, pois a primeira igreja construída por eles, a Basílica Nossa Senhora do Rosário, na Serra da Cantareira, deveu-se não a uma escolha deliberada, mas à doação que receberam de um terreno naquele local.
Pouco tempo depois, foram incumbidos pelo Bispo da Diocese de Bragança Paulista, à época Dom José Maria Pinheiro, de cuidarem da Paróquia Nossa Senhora das Graças, que abrange um vasto território rural entre Mairiporã, Caieiras e Franco da Rocha, com uma dezena de capelas, em diversos pontos da serra.
Dessa forma, ao contrário de promover o isolamento, os Arautos do Evangelho foram em busca de comunidades que estavam isoladas e desassistidas.
Mas, seja em lugares como esse ou em grandes centros, eles sempre estão estreitamente envolvidos com as Dioceses, o clero e os paroquianos dos locais onde suas igrejas se localizam.
Além das Missas, as suas basílicas estão abertas diariamente para visitação e eles promovem ações missionárias e participam ativamente do apoio aos necessitados, oferecem ampla gama de atividades religiosas e culturais e mantém canais na internet com artigos, cursos, podcasts e diversos programas especiais.
Um deles é o “Arautos sem Segredos” (https://www.youtube.com/c/arautossemsegredos), que realiza exatamente aquilo a que se propõe: esmiúça a vida, os hábitos e o dia a dia dos Arautos, mostrando fatos pitorescos da rotina da vida em comunidade, tanto do ramo feminino quanto do masculino.
Bem, isso é tudo o que uma seita não faz!
Os Arautos promovem a fé
Os Arautos do Evangelho promovem a fé e a prática dos Sacramentos com seriedade e entusiasmo, incentivando a fé genuína e não um catolicismo de fachada ou de ocasião.
Celebram Missas diárias, estão sempre disponíveis para atender Confissões, fazem visitas frequentes aos enfermos em hospitais, muitas vezes atendendo chamados durante a noite, de madrugada. Sempre disponíveis, eles estão onde a necessidade está.
“Alguns dizem que nós somos radicais. Bem, se evangelizar, defender a sã Doutrina da Santa Igreja, combater o pecado, chamar as pessoas ao arrependimento e à conversão, incentivar a frequência às Missas, à Confissão e à Eucaristia, rezar e ressaltar a importância da oração diária é ser radical, então, podemos dizer que, nesse sentido, somos radicais!”, explica bem humorado o Pe. Carlos Adriano, um jovem sacerdote encarregado das atividades na Capela São Judas Tadeu, uma das bonitas igrejinhas cuidadas por eles na Paróquia Nossa Senhora das Graças.
Todos os primeiros sábados do mês, realizam uma belíssima cerimônia que atrai multidões, com a recitação do terço, meditação, Missa, atendimento de Confissões e coroação da imagem de Nossa Senhora de Fátima, em cumprimento à Devoção dos Cinco Primeiros Sábados, conforme Nossa Senhora indicou à Irmã Lúcia como caminho de santificação.
E por falar em santificação…
Da mesma forma que, num extremo, há os que consideram os Arautos como uma seita, também há, no outro extremo, os que os consideram santos.
Sobre isso, nos responde o Pe. Alex Brito, dizendo que “todos fomos chamados à santidade, portanto, viver santamente não é um atributo apenas dos religiosos, mas de todos os cristãos, cada um no estado de vida em que foi chamado para servir a Deus.”
Insisto na pergunta: “Mas, vocês se consideram santos?” Ele sorri e explica:
“Nossos fundadores, Mons. João Clá e Dr. Plinio Corrêa de Oliveira, que foi o formador do Mons. João, sempre incentivaram seus filhos espirituais a se esforçarem ao máximo para viver uma vida de oração, disciplina e santidade, como fez São Bento com os monges beneditinos, São Francisco de Assis com os franciscanos, Santo Afonso Maria de Ligório com os redentoristas. Enfim, como fez Nosso Senhor Jesus Cristo com os seus discípulos”.
O Pe. Alex explicou que, hoje em dia, quando uma pessoa se propõe a viver santamente, em vez de ser considerada humilde e piedosa, acontece o contrário, muitos a consideram arrogante e orgulhosa, como se os valores estivessem invertidos.
“O mundo nos incentiva a sermos pecadores, a amarmos o pecado e a darmos maus exemplos, parece que essa é a ordem do dia”, explica.
“Com o Batismo, todos são chamados à santidade, mas o homem é livre para escolher entre esse caminho e os caminhos tortuosos que o mundo oferece. Já um religioso, embora não esteja livre do pecado, posto que é humano e, portanto, falível, não tem essa escolha, porque é chamado a pastorear as ovelhas e, como pastor, precisa não apenas cuidar das ovelhas, mas dar a elas o exemplo da retidão e da vida de piedade. É isso que tentamos fazer a cada dia, obedecendo ao preceito bíblico “Sede santos, porque o Pai é Santo.”
O que é diferente causa polêmica
Bem, tentando conhecer um pouco melhor os Arautos do Evangelho e também conversando com pessoas a respeito deles, pudemos concluir que tudo o que é diferente acaba causando polêmica, incomodando a uns e sendo amado e admirado por outros.
Uma coisa é certa, os Arautos do Evangelho são muito transparentes e, no seu dia a dia, vivem aquilo que pregam. Seguem uma rotina que compreende horário para acordar e para dormir, disciplina para fazer as refeições e uma constância de orações diárias e atividades laborais.
Trabalham, estudam, ensinam, rezam, cantam, cultivam o silêncio, são rigorosos consigo mesmos, afetuosos e hospitaleiros com os demais.
Se formos estudar a vida dos religiosos antigos, o modus vivendi dos Arautos não difere muito dos mosteiros e conventos de outrora, colunas-mestras do Cristianismo.
Cultivam o rigor necessário para domar-se, para sujeitar a própria vontade às coisas do Alto, e possuem o calor humano imprescindível para acolher todos os que deles se aproximam.
Seguem um estilo de vida diferente daquilo com que estamos acostumados, mas têm aspectos muito interessantes a serem descobertos. E a melhor maneira de fazer isso é conhecendo-os.
Então, se você tem curiosidade sobre eles, aproxime-se. Pode ficar tranquilo, eles não fazem parte de uma seita e não vão envolver você numa teia e, pode estar certo, depois de alguma convivência com eles, você correrá apenas um risco: o desejo de se tornar mais santo! Vale a pena experimentar!