Introdução
Já percebeu como as melhores ideias, às vezes, estão do lado de fora do briefing? Marcas que abrem o processo criativo para a comunidade estão colhendo não só engajamento, mas também produtos e peças que viram cultura. De LEGO a Doritos, a co-criação deixou de ser “ação de hype” para virar estratégia.
Imagine aplicar essa tendência na próxima campanha da sua marca, com regras claras, curadoria redonda e prêmios que realmente importam. É possível, escalável e, com um bom plano, vira resultado de negócio.
Co-criação com o público: o que é e por que usar
Co-criação é quando a marca convida o público a participar ativamente da criação de um produto, peça ou experiência. Vai além de pedir uma hashtag: há um desafio definido, critérios de seleção, curadoria e um compromisso de levar as melhores ideias adiante. O ganho? Engajamento qualificado, ideias frescas, senso de comunidade e, muitas vezes, vendas.
Co-criação x UGC: qual a diferença?
- UGC é espontâneo: o público cria por conta própria (reviews, vídeos, memes).
- Co-criação é orquestrada: a marca lança o convite, define regras, seleciona e integra o resultado no produto final.
Exemplo de UGC: clientes postando unboxings no TikTok.
Exemplo de co-criação: convocar a comunidade para escolher a próxima embalagem, com regulamento, prazos e votação.
Quando faz sentido na sua estratégia
- Nome de produto e embalagem.
- Peças criativas para datas sazonais.
- Melhorias de serviço e jornada do cliente.
- Edição limitada, collab com comunidade.
- Teste de conceito e prototipagem aberta.
Exemplos que funcionam (e o que aprender)
5 cases de referência
- LEGO Ideas: fãs submetem projetos, buscam 10.000 apoios e entram em review oficial. Quando vira set, o criador recebe royalties. Mecânica simples, curadoria séria e reconhecimento real.
- Doritos Crash the Super Bowl: consumidores criavam comerciais; alguns foram ao ar no Super Bowl. O programa teve dezenas de milhares de entradas e prêmios de até US$ 1 milhão em edições recentes. Em 2007, a ação ajudou a elevar vendas e colocou um filme de fã entre os melhores do Ad Meter.
- Lay’s Do Us A Flavor: milhões de pessoas sugeriram sabores; o público votava e os vencedores viravam edição limitada. A graça estava no ritual: provar, comentar e torcer pelo seu favorito.
- My Starbucks Idea: a comunidade enviou mais de 160 mil ideias ao longo dos anos, com centenas implementadas (de melhorias na loja a novidades no cardápio). Transparência e devolutiva mantiveram a chama acesa.
- Threadless: plataforma onde a comunidade envia artes, vota e define o que vira produto. Modelo de royalties mantém o ciclo virtuoso: artistas ganham, a marca ganha e a comunidade cresce.
O que esses cases têm em comum
- Briefing simples e atraente.
- Regras claras e calendário firme.
- Curadoria ativa (não é tudo no voto).
- Voto transparente e prestação de contas.
- Prêmios relevantes (visibilidade real, dinheiro, produto final).
- Integração do resultado no mundo real.
Como planejar uma campanha participativa
Brief simples, regras claras e direitos de uso
- Desafio: escreva como um job bem passado. Qual problema? O que entregue deve conter? Formatos aceitos?
- Critérios: o que será avaliado (originalidade, aderência à marca, exequibilidade).
- Termos legais: direitos de imagem e autoria, licença de uso, privacidade e política de dados. Nada de juridiquês infinito: linguagem acessível, checkbox de consentimento e link completo.
Incentivos que engajam de verdade
- Visibilidade com propósito: publicar o trabalho no canal oficial, créditos no produto.
- Dinheiro e produtos: prêmios em dinheiro, kits, licenciamento.
- Experiências: mentoria com o time criativo, visita à fábrica/estúdio, participação no desenvolvimento final.
- Evite chamar só caçadores de prêmio: amarre recompensa ao tema e à comunidade real da marca.
Ferramentas e canais para co-criar
Plataformas e formatos por objetivo
- Alcance e criativos rápidos: Instagram e TikTok (vídeo curto), hashtags e Reels.
- Vídeos mais elaborados: YouTube.
- Ideias e pesquisa estruturada: formulários (Typeform/Google Forms) com upload.
- Comunidades e debate: Discord/Reddit.
- Hotsite próprio: centraliza regulamento, submissões, galeria e voto.
Curadoria e moderação sem estresse
- Filtros e triagem: campos obrigatórios, tags e automações para descartar spam e conteúdo inadequado.
- Guia de comunidade: o que é permitido, como participar e como será a decisão.
- Moderação ativa: equipe + palavras bloqueadas + revisão manual de finalistas.
- Auditoria do voto: limitar por usuário, verificação de e-mail/telefone, logs de IP e regras anti-bot.
Métricas, riscos e como mitigar
KPIs que importam
- Taxa de participação (entradas válidas/alcance).
- Alcance orgânico e engajamento qualificado.
- Qualidade das entradas (aderência, viabilidade).
- Tempo de produção e custo por entrada.
- Leads e vendas atribuídas (códigos, UTMs).
- NPS/CSAT da comunidade participante.
Riscos comuns e plano de contingência
- Brand safety e conteúdo inadequado: moderação em camadas + filtros.
- Manipulação de votos: autenticação, limites e auditoria.
- Viés no julgamento: banca diversa, critérios objetivos e transparência.
- Crise: respostas pré-aprovadas, porta-voz definido e revisão jurídica desde o dia zero.
Para fechar
Co-criação não é “deixar a marca na mão do público”. É construir com ele. Quando a regra é clara e o prêmio é relevante, a comunidade vira seu melhor time criativo. Que tal transformar dados em ideias criativas que engajam de verdade?
Call to action
Conte nos comentários uma ideia de co-criação para sua marca e qual canal usaria. Vamos responder com sugestões práticas para tirar do papel.