Igreja Arautos do Evangelho? O que você precisa saber

Há uma coisa muito importante que você precisa saber sobre a Igreja dos Arautos do Evangelho: ela foi fundada há cerca de dois mil anos, teve Pedro como primeiro Papa, está sediada em Roma e, desde o dia 18 de maio de 2025 é regida pelo Papa Leão XIV, eleito no último Conclave. 

Nos últimos tempos, foram criadas tantas “igrejas” no Brasil que, basta que surja algo um pouco diferente do habitual, para que logo se deduza tratar-se de mais uma nova igreja. 

E os Arautos do Evangelho, por seu modo de vestir, por seu comportamento, por sua ação missionária, acabam sendo confundidos com algo muito diferente daquilo que são.

Não existe uma “Igreja Arautos do Evangelho”, como alguns, equivocadamente supõem. A Igreja dos Arautos é a mesma Igreja fundada há dois milênios por Jesus Cristo, que teve São Pedro como primeiro Papa, grandes doutores e santos como Agostinho de Hipona, Tomás de Aquino e Teresa d’Ávila, tem sua Santa Sé no Estado do Vaticano e seu Sumo Pontífice adotou o nome de Leão XIV.

Sim, estamos falando da Igreja Católica Apostólica Romana, e, não, os Arautos não estão fora dela, não são uma seita, não são cismáticos e não se pautam por nada que esteja fora dos ensinamentos católicos.

Mas, por que se criou essa falsa impressão de que eles não fazem parte da Igreja ou que fazem oposição a ela? É o que veremos.

O que faz os Arautos parecerem “não católicos”?

Bem, na verdade, o que acontece é o contrário disso: eles não só se parecem como poderíamos dizer que são “muito católicos”, se esta não fosse uma expressão errada, pois, não existe a possibilidade de ser “um pouco” ou “muito” católico. Ou se é católico ou não se é!

Mas, para sermos bem práticos, numa análise superficial, poderíamos afirmar que o que pode confundir um pouco é o traje usado por eles. As pessoas se acostumaram tanto a não verem padres com batina fora das missas, que quando veem, acham logo que é uma seita ou uma fantasia.

Nesse sentido que usamos a expressão “muito católicos”, porque, por sua vestimenta – ou hábito – eles evocam os religiosos de outrora, facilmente identificados por seu modo de vestir, logo, bastaria olhar para as suas roupas, sobretudo para a enorme cruz que ostentam em seus escapulários, para não se ter nenhum dúvida de que são católicos.

E um olhar mais atento mostraria também as chaves pontifícias, símbolo do Papado: “Ubi Petrus ibi Ecclesia” (Onde está Pedro, aí está a Igreja). 

Ler o que eles escrevem, assistir aos programas que eles apresentam, ouvir as músicas que eles cantam, assistir às Missas que eles celebram, participar da catequese que eles ministram e conhecer as igrejas e capelas que eles constroem é o quadro geral para saber quem são, além de homens e mulheres que se vestem de um modo tão peculiar.

Todos os Arautos se vestem da mesma forma?

Sim e não. Os hábitos usados pelos Arautos seguem o mesmo padrão: túnica de comprimento pouco abaixo do joelho, escapulário marrom ostentando uma vistosa cruz de Santiago branca e vermelha, uma grossa corrente em volta da cintura, com um Rosário pendurado, e botas.

 O que muda é a cor da túnica: marrom para os diáconos e sacerdotes, branco-marfim para os leigos de vida consagrada, dourada para o ramo feminino e ocre para o recém-admitidos na ordem (esses são os únicos que usam o escapulário da mesma cor da túnica e não marrom, como os demais).

O capuz também é um diferencial, usado apenas pelos clérigos e pelos membros mais antigos do grupo.

E as chaves pontifícias podem estar no colarinho, no peito sozinhas ou sob um medalhão de Nossa Senhora.

Embora menos usual, em algumas circunstâncias os sacerdotes Arautos podem se apresentar de terno preto e clergyman ou de batina preta.

Por que não há padres Arautos nas paróquias da minha diocese?

Existe uma diferença entre padres diocesanos e padres religiosos. O padre diocesano está incardinado numa igreja particular (diocese) que, por sua vez, tem uma área territorial bem específica e definida. Ele está sob os cuidados e orientação direta do Bispo diocesano. Tem como missão primordial o trabalho paroquial e a comunhão com o clero local. Podem ter propriedade, salário, não vivem em comunidade e dependem apenas de seu Bispo. 

Os padres religiosos – que podem ser também freis ou monges – antes do sacerdócio, assumem a vocação à vida religiosa consagrada e fazem os votos evangélicos de pobreza, obediência e castidade. Sua obediência está diretamente ligada ao superior da Ordem religiosa a que pertence ou da comunidade onde vive.

O território da missão do religioso consagrado padre é mais amplo que uma diocese, visto estar a serviço da sua Ordem ou Congregação. Porém, quando estiver exercendo seu sacerdócio dentro de uma determinada diocese, deve seguir as orientações do bispo local e, normalmente colaboram com o Bispo e com os demais padres. 

É assim que acontece com os Arautos, seguem as orientações dos Bispos das dioceses onde estão localizadas suas igrejas e sedes e atuam em estreita colaboração com eles.

Em São Paulo, por exemplo, a igreja-mãe dos Arautos do Evangelho, a Basílica Nossa Senhora do Rosário, está localizada em Caieiras, que pertence à Diocese de Bragança Paulista. 

Ali, os Arautos receberam do Bispo Dom Sérgio Aparecido Colombo a incumbência de cuidarem da Paróquia Nossa Senhora das Graças, em Mairiporã, que engloba mais de dez capelas localizadas em diversos pontos da Serra da Cantareira, o que eles fazem com afinco, tendo transformado essas capelinhas em locais muito aprazíveis, onde oferecem toda a assistência às comunidades dos entornos, como Missas, Novenas, Sacramentos do Batismo, Crisma, Confissão, catequese, Primeira Eucaristia, Matrimônios.

“Minha experiência com a presença dos Arautos em Bragança Paulista é, em suma, muito positiva e muito bela. Eles são solícitos não só para com o Bispo e a paróquia que lhes foi confiada, mas também para com a diocese no seu conjunto. Nunca faltou o auxílio deles às paróquias mais necessitadas. E quantos sacerdotes [da diocese] procuram os Arautos em busca de ajuda num momento de doença, ou quando precisam se ausentar por alguns dias! Tudo isso é muito bonito.” Essas são palavras de Dom Sérgio Colombo, Bispo da diocese de Bragança Paulista.

É comum que os sacerdotes Arautos, nos locais em que residem ou quando viajam em missões, sejam convidados para celebrar Missas e atenderem confissões em diversas igrejas. 

Portanto, você não terá um sacerdote Arauto atuando diretamente em sua paróquia, como o seu pároco ou os padres locais, mas poderá encontrar-se com eles em qualquer igreja do Brasil ou em outros países.

Mas, se quiser conhecê-los mais de perto, pode assistir às Missas nas igrejas mantidas por eles.

Os Arautos aos olhos da Igreja

Em todas as dioceses em que estão presentes, não apenas no Brasil, mas em dezenas de países, a sua atuação é a mesma, sempre em sintonia e colaboração com os Bispos, os presbíteros e os fiéis. E a impressão dos membros do Clero sobre eles costuma ser sempre muito positiva.

Dom Milton Antônio dos Santos, bispo emérito da Diocese de Cuiabá/MT salienta a obediência e solicitude dos Arautos: “Sempre muito obedientes e solícitos aos pedidos que a Arquidiocese tem feito a eles. Desejo salientar também o cuidado na formação doutrinária dos jovens para serem bom fermento na sociedade atual. Preocupação constante já de seu fundador, Mons. João Scognamiglio Clá Dias, autor de várias obras de reconhecido valor evangelizador” 

O arcebispo de Mariana/MG, Dom Airton José dos Santos, se refere ao zelo pastoral dos Arautos: “Ressalto a seriedade e o empenho que caracterizam as atividades dos membros da Associação. Saliento a profundidade da espiritualidade e zelo pastoral que sempre marcou a presença dos Arautos do Evangelho junto às populações mais necessitadas.” 

Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, fala da fidelidade dos Arautos à Igreja e ao Papa: “Tenho uma experiência bastante positiva acerca dos Arautos do Evangelho, em sua atuação em diversas pastorais promovidas pela Arquidiocese de São Paulo. Em meus contatos com os padres dos Arautos também tive a oportunidade de comprovar a solidez de suas formações e a fidelidade na união com os Bispos e com o Santo Padre.”

A mesma impressão é transmitida por Dom Karl Josef Romer, Secretário Emérito do Pontifício Conselho para a Família: “Desejo expressar minha convicção a respeito da Congregação dos Arautos do Evangelho. Sempre me impressionou seu espírito de fidelidade à Igreja. Podemos e devemos ver com grande alegria o seu espírito missionário e a abençoada fecundidade de suas obras.”

Opinião partilhada também pelo Bispo de Assis, Dom Argemiro de Azevedo: “Em contato com os Arautos, pude atestar o zelo litúrgico, centrado na Eucaristia e em Nossa Senhora e no Santo Padre, o carinho e amor à Igreja e o respeito à hierarquia.” 

“Nestes anos de presença nesta diocese, sinto nos sacerdotes dos Arautos do Evangelho com os quais tenho convivido, um sincero amor à Igreja, muita retidão moral e um grande respeito à autoridade eclesiástica. Tenho encontrado neles uma preciosa e competente assessoria em assuntos canônicos”, ressalta  Dom Luiz Antônio Guedes, Bispo emérito de Campo Limpo/SP.

O que há de diferente nas igrejas dos Arautos?

O que mais chama a atenção nas igrejas dos Arautos do Evangelho, desde a mais singela capelinha até a mais imponente basílica, sem dúvida é a arquitetura, a beleza, a liturgia e o recolhimento.

Elas têm o que todas as igrejas católicas têm: altares, crucifixos, pinturas e imagens de santos, sacrários, bancos, confessionários. Mas existe, em cada uma delas, uma aura diferente, um silêncio sacramental, um convite à oração e ao recolhimento. 

Construídas em estilo neogótico, são maravilhosas. Tudo nelas aponta para o divino, para o imponderável, para o sagrado. As cores vivas, os detalhes, os vitrais, a simetria entre todos os elementos, o mármore do piso, a curvatura do teto, os detalhes das colunas, os arranjos florais. Tudo possui uma nota mais elevada.

A liturgia é a mesma de todas as igrejas católicas do mundo inteiro, mas, o que chama a atenção é a maneira solene como ela é conduzida e a presença do canto gregoriano que, por si só, conduz a um estado de espírito mais aguçado.

Muitas pessoas afirmam que, ao entrar em uma Igreja dos Arautos, tem-se a impressão de se estar vislumbrando o Céu. Os que falam alto, diminuem o tom, os que falam muito, passam a falar menos, os distraídos prestam atenção, os emotivos se sentem deslumbrados e os mais frios, se enternecem. É algo sobrenatural, impressionante, só vendo para saber do que se trata.

Onde elas se localizam? 

Embora tenham uma aparência “antiga”, os Arautos do Evangelho constituem uma Ordem nova, mas, pelo seu tempo de existência, já possuem um considerável número de igrejas.

Sem dúvida, a mais impressionante é a Basílica Nossa Senhora do Rosário, em Caieiras/SP, a primeira igreja construída pelos Arautos, inaugurada em 2008.

Depois dela, vieram muitas outras. Em Cotia/SP está a Basílica Nossa Senhora do Rosário de Fátima, que também impressiona por sua beleza. 

Atualmente, os Arautos têm igrejas em São Carlos, interior de São Paulo e Ubatuba, litoral paulista. No estado do Rio de Janeiro, suas igrejas estão em Nova Friburgo, Campos dos Goytacazes e na capital do estado. Maringá, Piraquara e Ponta Grossa, são as cidades que possuem igrejas dos Arautos no Paraná; Joinville, em Santa Catarina. No estado de Minas Gerais, suas igrejas estão em Belo Horizonte, Montes Claros e Juiz de Fora. Cariacica no Espírito Santo; Cuiabá no Mato Grosso; Campo Grande, no Mato Grosso do Sul; Lauro de Freitas, na Bahia; Moreno, em Pernambuco; Fortaleza, no Ceará e em Brasília, capital do país.

Fora do Brasil, há igrejas na Europa, na América Latina e na África. Todas conservam o mesmo estilo e atraem a atenção.

O que os Arautos ensinam?

O nome já diz: Arautos do Evangelho, portanto, eles pregam o Evangelho! Esta é a sua principal missão. Ensinam o amor, a tolerância, o desapego, a solidariedade, o amor ao belo, a prática da caridade, as virtudes, a conversão e o retorno ao seio da Igreja para aqueles que estão mornos ou desgarrados.

Nossa Senhora está no centro do carisma dos Arautos, que se dedicam a transmitir as mensagens de Fátima, tendo uma forte vocação mariana.

Em suas ações missionárias, levam a imagem de Nossa Senhora de Fátima a residências, escolas, hospitais, comunidades, incentivando a recitação diária do Rosário, a consagração à Virgem Santíssima, o arrependimento, a conversão e a mudança de vida. 

Viajam de uma ponta a outra do país, anunciando o Evangelho, e, muitas vezes, chegam aonde poucos conseguem chegar. 

Nesses apostolados, sempre procuram localizar pessoas que necessitam de serem batizadas ou crismadas, casais que precisam regularizar a situação matrimonial perante a Igreja, crianças e adultos que devem fazer a preparação para a Primeira Eucaristia, doentes que carecem do Sacramento da Confissão e da Unção dos Enfermos. 

Enfim, são missões evangelizadoras nas quais realizam o que está ao seu alcance e encaminham os casos específicos para as paróquias mais próximas para as providências necessárias. 

Uma obra de caridade que compreende ações sociais, atividades culturais, com teatro, música, estímulo à boa leitura e oração, apoio aos fiéis e aos sacerdotes naquilo que lhes falta. 

Por onde passam, vão deixando um rastro de luz atrás de si e reacendendo a fé que foi apagada em muitos corações. 

E estão também na internet, com vários programas, um podcast, evangelização pelas mídias sociais, uma plataforma de formação católica com um amplo leque de cursos, além da interação com outros movimentos da Igreja e a participação em conferências e eventos, como a ExpoCatólica, onde têm marcado presença nos últimos anos.  

Bem, sobre a Igreja dos Arautos do Evangelho, era isso que você precisava saber. Que ela possa ser também, e tão ativamente quanto é para eles, a sua Igreja, a minha Igreja, a Igreja de todos nós, pois foi para isso que Jesus Cristo a fundou e a entregou aos nossos cuidados pelas mãos de Pedro.

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